Primeiro aeroporto de Foz do Iguaçu e Gresfi ganham Espaço de Memória

O primeiro aeroporto de Foz do Iguaçu completa 80 anos em 2021. Inaugurado em 1941, hoje o prédio abriga o Grêmio Esportivo e Social de Foz do Iguaçu (Gresfi), clube fundado no final da década de 60, por sargentos e suboficiais das Forças Armadas. A história desse importante local da cidade está sendo resgatada a partir de um pedido de tombamento do prédio, feito em 2019, e de um projeto de extensão conduzido em parceria pela UNILA e pelo Gresfi.

Um dos resultados da parceria é a criação de um Espaço de Memória que vai reunir fotos e objetos para contar a história do aeroporto e do grêmio. “Vamos trabalhar com essas duas linhas narrativas: a história da aviação e a história do clube. A gente não pode falar do aeroporto e ocultar a história da comunidade. Não dá pra separar essas histórias”, enfatiza Pedro Louvain, servidor da UNILA e coordenador do projeto de extensão “Espaço de Memória do Gresfi”, lembrando que, se o primeiro aeroporto tem 80 anos, o Gresfi já chega a 50. Foi em 1972 que o clube assumiu as instalações, logo após a transferência das atividades da aviação para o atual aeroporto.

Pedro Louvain salienta que resgatar a história do aeroporto é também resgatar a história do clube, que é parte importante da cidade e para a comunidade de Foz do Iguaçu. Grande parte da população conhece o salão do clube, no prédio onde funcionava o terminal de passageiros, e onde já foram realizados bailes, formaturas, casamentos. “O prédio tem vida, e o Espaço de Memória será mais uma das esferas do clube, juntamente com as esferas social, recreativa, esportiva e cultural.”

Apesar de o prédio principal ser bastante conhecido da população, a torre de controle ficou esquecida, virou depósito e passou os últimos anos interditada. É na torre que o Espaço de Memória ficará abrigado. Boa parte dos objetos que irão compor a exposição foi encontrada ali. As coleções estão sendo organizadas e ampliadas com objetos que estão sendo doados pela comunidade. Além de mais de 20 álbuns de fotos, vão compor o material a ser exposto um pluviômetro, barômetro, máquinas de datilografia, telefones, listas de passageiros, moedas – especialmente, um marco alemão de 1972, quando a Alemanha ainda era dividida. Tudo guardado na torre de controle.

Também foram encontrados documentos que Louvain classifica como “tesouros”: 21 plantas arquitetônicas originais do primeiro aeroporto, desenhado pelo arquiteto Ângelo Murgel, que também é o responsável pela arquitetura do Parque Nacional do Iguaçu, e fichas de desembarque da Pan Air do Brasil, primeira empresa de aviação a operar em Foz do Iguaçu (veja mais informações e fotos na página do projeto no Facebook).

Ele também destaca que o primeiro aeroporto já era aduaneiro, ou seja, possibilitava o registro formal de estrangeiros que chegassem ao Brasil. Em várias das fichas de passageiros encontradas na torre de controle, há a inscrição “passageiro desembaraçado” – entrada no país registrada oficialmente. “Essas fichas são dos objetos mais importantes que a gente tem porque mostra não só a Pan Air do Brasil, mas também essa especificidade do aeroporto que está relacionada com a atividade alfandegária, aduaneira.

O Espaço de Memória será dividido entre dois andares, com sete módulos expográficos, contando a história da cidade desde os seus primórdios, até chegar ao ano de 1935, quando é inaugurado o campo de aviação, embrião do Aeroporto do Parque Nacional do Iguaçu, de 1941 a 1972, e, a partir daí, a história do Gresfi. “É comum que cidades brasileiras com 100 anos tenham diferentes prédios históricos. Porém, um aeroporto, da década de 40, no meio da cidade, nesse estado de conservação? É impossível. É um milagre.”

A expectativa é de que esse Espaço seja aberto à visitação no ano que vem, mas já é possível conhecer um pouco da história num circuito de sete pontos que tem início na praça, passa pelo prédio que servia como Terminal de Passageiros e vai até a antiga pista de pouso. A visita, que é oferecida aos sábados, é guiada por um aluno do curso de História da UNILA, que explica detalhes da arquitetura do prédio e seus usos. Os integrantes do projeto também estão preparados para visitas de pessoas com deficiência e já receberam grupos de surdos e surdos oralizados. (Assessoria)

Fachada do Aeroporto do Parque Nacional do Iguaçu. Foto: Espaço de Memória do Gresfi e Pedro Louvain.

Console de radar aeronáutico. Foto: Espaço de Memória do Gresfi e Pedro Louvain.

Cibele Munhoz e Ivan Baptiston, do PNI, observam as plantas originais do antigo aeroporto acompanhados por Pedro Louvain. Foto: Espaço de Memória do Gresfi e Pedro Louvain.

Baile de Carnaval do Gresfi na década de 1960. Espaço de Memória do Gresfi e Pedro Louvain.

Serviço
Espaço de Memória Gresfi
Visitas: sábados
Horário: 14h e 16h
Agendamento: (45) 9 9125-3592
Acesso gratuito

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